Sidónio, num domingo dos anos ciquenta, depois de uma caldeirada de chocos ou talvez de um guisado de carne com esparguete, sigo para os caminhos de ferro a fim de apanhar o eléctrico para a Praça da Figueira (bilhete 30 centavos). Fazia depois o transbordo nos Restauradores para o eléctrico com destino a S. Sebastião (bilhete 80 centavos, não confundir com cêntimos). Isto traduzido em Euros, (como dizia o outro, é só fazer as contas...) não tem hoje qualquer significado, mas... com as mesadas ou a falta delas, que se praticavam na altura, era muito para o meu bolso, razão pela qual muitas vezes este percurso era feito a pé. Chegado ao destino, o «feminino», como era carinhosamente conhecido, acercava-me do portão e vá de puchar a maçaneta, que accionava uma sineta cujo som ainda tenho na memória. Abria-se o portão que dava acesso ao corredor, ficando à esquerda a sala de visitas e à direita os gabinetes da directora D.Armanda e da vice D.Ramira. (Esta senhora ainda esteve connosco no jantar de Natal de 2007). Então, a empregada de serviço questionava, quem vem visitar? A minha irmã Marília, dizia-lhe eu. Aguarde um pouquinho, retorquia ela. Na sala, outros colegas que faziam o mesmo percurso com a finalidade de visitar as irmãs. Havia então uns momentos de convívio entre irmãos e irmãs, «primos e primas» os quais, noutras circunstâncias, eram de todo impossíveis. Não esquecer que na época era impensável as alunas saírem do Instituto, mesmo que acompanhadas por familiares. Recordo ainda a porta, que dentro sala de visitas, dava acesso à escadaria que conduzia ao primeiro andar e através da qual se ouvia um frenesim entre as alunas que não tinham visitas e que faziam fila para, através dos vidros foscos, espreitarem os «borrachos» que se encontravam na sala. Foram assim, muitos domingos dos que passei no Sidónio.
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